A sala era grande e o ar condicionado extremamente potente. Enorme daquele jeito, uma verdadeira aberração do antônimo de natureza. Talvez, todos nós que estávamos nas primeiras seis cadeiras do lado de frente para o ar condicionado, talvez todos nós saíssemos daquele encontro resfriados. E alguns poderiam até mesmo evoluir com pneumonia comunitária grave e, quem sabe, alguém poderia até morrer por conta desta pneumonia infeliz adquirida em um treinamento da empresa, indo a óbito, conforme gostam de dizer os profissionais do ramo que, apesar de usar o termo, não se atrevem a criar o verbo obituar, o que seria muito prático e adequado. Haja visto: ‘Seu Fulano de Tal da Silva, do leito 8, e oito é símbolo do infinito, obituou’.
Mas eu precisava fazer algo. Não havia como sair do círculo formado pelas cadeiras ocupadas, sem atravessar à frente da palestrante, o que seria uma imensa falta de educação, e assim interromper a palestra. E, ao menos que me tirem do sério, sou sempre educado, e a palestra já ia num ritmo constante como marcha de velhos ponteiros analógicos. Não seria correto.
A detentora do controle do ar condicionado estava na outra extremidade da sala, absorta na palestra. Não percebeu que eu a buscava diligentemente com os olhos giratórios quase extrapolando os limites das órbitas. Não havia como sinalizar. Os colegas que estavam à sua frente (pois, por azar, ela estava recuada com relação ao grupo que participava da atividade) até perceberam minha atitude, aparentemente, indiscreta. Mas que fazer se um colega está sendo indiscreto durante uma palestra? Ignorar? Sim. Ignora-se o sujeito como se ele tivesse se tornado, por mal das inconveniências, tal qual um Ahasverus, o judeu que, segundo informações colhidas, foi o herói, o mito romântico errante, um homem sem morada fixa e estranho em toda parte, rejeitado por todos. Parece até uma norma este comportamento de grupo, um padrão protocolar.
Contudo, por exemplo, se o sujeito estiver tentando ser discreto ao máximo possível pedindo socorro através do olhar inquieto enquanto o assento de sua cadeira arde em chamas, certamente ele terá o traseiro completamente carbonizado sem que ninguém faça sequer um gesto de indagação com as sobrancelhas sinalizando “Que pasa, hombre?”.
Porém nem tudo neste mundo conspira para que a tragédia seja o único final possível e certo em uma história. Eu trazia em meu bolso o meu bloquinho de notas que por diversas vezes salvou minha vida ou substituiu minha não prodigiosa memória. Tive a idéia do bom e velho bilhetinho que tanto se assemelha a uma prática de um estudante tímido, como o qual fui durante meus longos anos de empastelamento escolar. Aquela velha forma de comunicação provou mais uma vez sua eficácia. Escrevi o pedido de socorro à colega que detinha o poder de controlar o ar condicionado da imensa sala inteirinha. Tive o cuidado de comunicar o nome da destinatária somente à colega que se sentava ao meu lado, a que fora homenageada muitos anos antes de seu nascimento pela canção da banda americana Boston – Amanda. Ela passou o bilhete a diante e a coisa fez o arco todo das cadeiras em uma viajem mística de quase 260º, porém não sem que curiosos (e estas coisas revelam de um modo peculiar os que não se contém), mesmo o bilhete sendo nominal por fora, lessem o conteúdo.
O bilhete chegou até as delicadas mãos da colega que, imediatamente, levantou-se e salvou diversas vidas ao desligar o ar para depois regulá-lo de modo a não congelar-me a orelha direita e nem promover a pneumonia comunitária do grupo que estava ladeado comigo.
Olá Jefh!
ResponderExcluirFico feliz que tenha gostado e espero que goste de outras também! Parabéns pelo seu blog que está partindo pro 4 ano! Estou começando, tenho apenas 2 meses... Deus te fortaleça sempre!!
Abraços!!
muito legal seu blog, parabens ja estou te seguindo!!! abraço
ResponderExcluirFantástico
ResponderExcluirmeu amigo!!!!!!!!!!!!!sorri bastante e mais...quantas vezes ja me senti assim...e vida que você escreve e descreve com tanta competência...um abraço!
Sempre MUITO BOM ler você! Andei meio "parado" na prosa mas, hoje, surtei. Nem quis revisar o conto-crônica e já postei:
ResponderExcluirhttp://prosopoetica.blogspot.com.br/2012/09/desnecessario.html
Seria uma honra ter você mais uma vez no Prosopoética! Rsss... Abração!
Que situação eim ?! Ainda bem q td se resolveu.
ResponderExcluirhttp://mulheresjuntas.blogspot.com.br/
Oi já tou a seguir o seu blog, pode também seguir o meu!?
ResponderExcluirObrigado (:
www.meudocelove.blogspot.com
Como fazer do cotidiano uma história tão divertida?!?! Tens licença poética pra isso.
ResponderExcluirVim com mais calma e beeeem atrasada retribuir a sua visita, mas prefiro que seja assim, com tempo pra ler, comentar sabendo sobre que se fala e fugindo do genérico "ah, parabéns, volte sempre blablabla"
Parabéns (de verdade), voltarei mais vezes!!
Oi Jerferson,
ResponderExcluirque situação mais engraçada a sua em mas ainda bem que deu td certo não gostaria que alguém foce a óbito por causa de um ar condicionado! VIVA AO BILHETINHO Q SALVA VIDAS!
# to seguindo pode seguir o meu tbm!?
xoxox
criandodesigne.blogspot.com
Oi Jeferson!
ResponderExcluirBom,agora que eu li seu comentário eu vim retribuir...
Então,nada a ver com seu post,eu vim deixar o link para seus filhos virem o que vai acontecer no carrossel:
http://www.sbt.com.br/carrossel/capitulos/
Esse é o site oficial,olha,neste site acima também tem:
*Personagens(Tem personagem que ainda não entrou)
*Blog(Blog Do Carrossel para dar a sua opinião)
*Fique Por Dentro(Algumas Novis)
*Bastidores(Elenco Do Carrossel)
*Vídeos(Videos dos capítulos não assistidos)
*Diversão(Alguns Jogos)
*Downloads(Alguns wallpapers para vc baixar)
*Agradecimentos(algumas empresas que apoiaram)
*Trilha(Todas as músicas do carrossel)
Espero que eu tenha ajudado!!!
beijokas!
Olá Jerferson!
ResponderExcluirO bom é que tudo se resolveu! rsrs
Adorei sua forma de conceber o mundo e descrever o cotidiano.
Parabéns pelo blog, estou seguindo!
Bjs
Ola Jeferson, seu blog é muito interessante, passei algum tempo aqui lendo seus textos e por sinal são otimos. Sucesso pra vc. Abraços
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