Ao descer no terceiro ponto de ônibus e pisar o chão da Avenida Atlântica, Teddy já sabia que a coisa seria mesmo de doer mais do que supusera quando partiu arrependido de sua mancada de São Paulo rumo ao Rio. Repentinamente, recordou-se de que ali pisara em inúmeras manhãs ensolaradas que lhe resplandeciam pelo trajeto do utópico caminho da felicidade eterna.
Trêmulo, tentando conter suas mãos nervosas, úmidas e geladas, postou-se diante do edifício São Miguel Martinho e expeliu bem mais que um suspiro contristado, bufou longa e melancolicamente. Hiroshi, o porteiro, que o que tinha de irônico proporcionalmente tinha de gago, assim que avistou Teddy, mudou seu semblante de neutro para fechado e entediado. Teddy teve a forte impressão de que o porteiro chegou a fazer um sinal de reprovação com um meneio de cabeça e elevação de sobrancelhas, porém, se o fez de fato, fora muito discreto, impossibilitando a certeza do gesto reprovador e desdenhoso. Fechou o bico da mangueira com a qual aguava os lírios e outras plantas do jardim da fachada do prédio e jogou o objeto de hidratação no chão sem qualquer cuidado. Enfiou a mão no bolso dianteiro da calça e retirou um molho pejado de chaves. Caminhava e perscrutava lentamente o monte em busca da pequena lamina que supostamente abriria o portão para que o visitante freqüente adentrasse mais uma vez o local. Foi neste momento que ressonou o timbre da voz imperiosa da mulher dourada por trás da nuca de Teddy. Com um leve movimento rotacional de pescoço, acompanhou Isa tomar seu campo de visão vestindo um short azul marinho de corrida, camiseta e meias brancas, tênis preto e um boné azul safira pelo qual lhe escapava o louro longo rabo de cavalo. Isa estava levemente ofegante, porém, senhora de seus movimentos, olhou Teddy nos olhos sem dizer qualquer palavra. Olhou também Hiroshi que imediatamente deixou-se tomar por repentina pressa. Agora ele agitava o molho de chaves entre suas mãos e num instante apontava a qual corresponderia à fechadura do portão. O portão se abriu, Isa adentrou, fez um gesto para que Teddy lhe acompanhasse e agradeceu Hiroshi com um pequeno sorriso e a palavra obrigado anexada ao nome do porteiro.
No elevador, o casal não trocou palavra. Isa olhava a luz do teto da caixa com uma mão na cintura e a outra tamborilando o espelho atrás de si, Teddy olhava o reflexo de Isa no espelho situado diante de ambos. Ao parar no oitavo andar, Isa saiu imediatamente ao abrir de portas do elevador. Teddy pareceu hesitante por um breve instante. Isa já ia adiante e tirou a chave por de trás de uma guirlanda pra lá de fora de época, e abriu a porta. Fez um gesto para que Teddy entrasse na frente, Teddy retribuiu o gesto, ela entrou. Ela deu um passo e parou ali mesmo, no hall de entrada, e mostrou uma grande mala preta de nylon diante do vaso de comigo ninguém pode. Era flagrante a surpresa estampada no rosto de Teddy. Ele olhou para a mala, olhou para Isa, repetiu o gesto e perguntou se estava tudo ali. Com uma afirmação lenta e muda de cabeça ela fez que sim. Ele perguntou se ali estava o seu CD do Noel Rosa e os do Pixinguinha. Ela repetiu o gesto. Ele perguntou se os livros autografados de Marcelo Rubens Paiva e Mário Prata também estavam ali. Ela fez mais uma vez que sim. Teddy ficou em silêncio por um instante. Eram muito óbvios seu espanto e perplexidade. Isa acrescentou que ali também estavam todas as roupas que o rapaz havia deixado ao longo de dois anos de namoro, e fotos também. Tudo ali. Teddy lembrou que a mala não lhe pertencia. Isa disse que era um presente. Teddy disse que fazia questão de devolvê-la, disse que enviaria. Isa disse que não era necessário. Teddy insistiu com veemência apostando no ato que resgataria algo de sua dignidade. Isa demonstrou certa impaciência e disse que se Teddy fazia tanta questão de lhe devolver a mala, que a enviasse então aos cuidados de Hiroshi. Teddy ergueu a mala do chão e ficou mudo. Isa já olhava para a parede e suspirava com vigor. Teddy apertou a alça da mala com toda sua força e volveu o corpo, num passo estava fora do apartamento. Isa colocou a mão na maçaneta e fez o gesto que demonstrava sua intenção de despedir o rapaz e fechar a porta. Teddy já estava fora do apartamento e da vida de Isa. Isa disse para que ele tivesse boa sorte e fechou o pouco que restava para fechar.
Teddy Lombard, muito legal os textos, tô acompanhando!
ResponderExcluirFalou tio, Abraços!
Nem sei o que dizer...
ResponderExcluirAmei. Lógico!
Sensacional!! Sem palavras pra expôr o quanto que estou amando os textos...
ResponderExcluirÓtimo texto, agarra o leitor e só solta no ponto final.
ResponderExcluirMuito bom o blog!
Bj :)
"Obrigada pelo carinho na minha página. Que Deus continue a abençoar-te a cada novo amanhecer. Tu e tua familia. Muito lindo o teu blog, e tem muito Amor, isso, é o mais importante. Amei tudo que vi e li. Que teu coração possa sorrir a cada novo amanhecer, sentindo a mão de Deus tocar teu ser e abençoar teu viver. Um beijo no teu coração."
ResponderExcluirMUito interessante seus textos... consegue entreter e prender o leitor.
ResponderExcluirgostei e muito intereçante mesmo...
ResponderExcluirMe solta Jeff... Tento passar correndo e não consigo.
ResponderExcluirAbração!!!
Sucesso, amigo!
ResponderExcluirAbraçoss
Lindo texto. Parabéns, vc escreve perfeitamente bem.
ResponderExcluirQuando quiser volte sempre: retoricamoda.blogspot.com.br
Ótimo texto...
ResponderExcluirMe remeteu inevitavelmente à música do Chico, na voz maravilhosa da Maria Creuza, Trocando em miúdos:
Eu vou lhe deixar a medida do Bonfim
Não me valeu
Mas fico com o disco do Pixinguinha, sim!
O resto é seu
Trocando em miúdos, pode guardar
As sobras de tudo que chamam lar
As sombras de tudo que fomos nós
As marcas de amor nos nossos lençóis
As nossas melhores lembranças
Aquela esperança de tudo se ajeitar
Pode esquecer
Aquela aliança, você pode empenhar
Ou derreter
Mas devo dizer que não vou lhe dar
O enorme prazer de me ver chorar
Nem vou lhe cobrar pelo seu estrago
Meu peito tão dilacerado
Aliás
Aceite uma ajuda do seu futuro amor
Pro aluguel
Devolva o Neruda que você me tomou
E nunca leu
Eu bato o portão sem fazer alarde
Eu levo a carteira de identidade
Uma saideira, muita saudade
E a leve impressão de que já vou tarde.
Obrigada pela visita e comentário no meu blog.
Parabéns pelo teu...
abraço
Karina
Muito bom mesmo! Sabe dominar o leitor. Abraços, sucesso sempre!
ResponderExcluirOlá Jeferson!
ResponderExcluirQue post exagerado! [risos]
Abraços.
Bom dia Jefh
ResponderExcluirMuito obrigada primeiramente pela visita em meu blog
Adorei os seus textos e o seu blog em geral seguindo
passarei por aqui sempre
Bjos e uma ótima semana
http://jhdocemel.blogspot.com/
Ola amigo como vai??
ResponderExcluirObrigado pela visita viu!!
Vc escreve muito bem,o texto é simples com palavras de fácil entendimento..
braços e volte sempre...:)
Att
Poliana
http://tudoentrenos.blogspot.com
Olá, agradecendo sua visita e comentário, venho conhecer seu blog. Adorei os textos, muito bem escritos... Volto outras vezes. Mesmo sem competência para comentá-los. Boa tarde!
ResponderExcluirOi Jeferson,
ResponderExcluirLegal o texto, mas que triste o final. ^^
abs
Nanda
OI Jeff vlw pela visita, curti o seu blog, amei os textos, eu faço psicologia, me identifiquei muito! hahaha
ResponderExcluirbjinhos Nana
Muito bom. Que destino o de Teddy, mas a vida é assim mesmo. Gostei muito do texto e obrigada pelo retorno em minha página. Seja bem vindo!
ResponderExcluirOlá, Jefh Cardoso. Adorei sua maneira de escrever. Tão clara , que conseguimos visualizar os personagens, o cenário...enfim, escrita de fácil entendimento, apesar de algumas palavras não tão usadas no cotidiano, porém rapidamente ,as substituímos com um sinônimo , de acordo com o sentido da frase. Parabéns, vc escreve muito bem. A propósito, uma coincidência, morei em Ituverava em 1991. Eu tinha 9 para 10 anos. Foi uma experiência incrível e inesquecível da minha infância. Marcante! Forte abço. Se puder divulgar o MULHERES FELIZES, ficarei grata.Rss...são msg da realidade da gente, das mulheres, das pessoas no geral.OBrigada! E estarei aqui sempre de olho nas coisas q escreve.
ResponderExcluirAmei o texto. Ele segura a gente até o final. Gosto da forma com que usa as palavras. Ainda aprendo.
ResponderExcluirParabéns
É Jefh...muitas "criaturas", como Teddy Lombard, existem por aí: estranhos, mal arrumados, esquecidos, solitários...mas mesmo assim a Isa se apaixonou por ele e se entregou sem pensar! Tá certo que depois de um tempo parece que caiu na real e largou o coitado rsrsrsr...E não vai ter volta? Será?...
ResponderExcluirParabéns pelo seu talento! Você é muito bom com as palavras! Venho te visitar muitas vezes, pode ter certeza!! E muito obrigada pela sua visita ao meu cantinho. Fiquei feliz demais. Às vezes me atrevo a escrever também, mas não chego aos seus pés!!
Por enquanto estou sem câmera e não posso postar as minhas peças de "artes manuais", mas espero consertar isso em breve. Sinta-se a vontade para me visitar e comentar outras vezes.
Tenha um ótimo fim de semana! :)
gostei de como a ação das personagens são descritas, apesar de ser breve, a gente consegue imaginar, triste para o Teddy. :l
ResponderExcluirobrigada pelo comentário lá no blog.
Passando pra visitar e lendo sobre o Teddy... me fez pensar em tantas coisas que achava que tinha esquecido!
ResponderExcluirBeijos e bom fim de semana!
Nina!
O destino e suas tramoias, nunca sabemos ao certo o que nos espera amanha, triste a despedida, mas as vezes necessária para que se abra outras portas, lindo seu texto, amei, beijos e boa semana opara ti!
ResponderExcluirMuito triste para o Teddy,gostei bastante do testo e não consegui parar de ler mas o final foi surpreendentemente triste. Obrigada pela visita e já respondi o seu comentário,desculpa pela demora. *-*
ResponderExcluirGostei da narrativa, muito viva e cheia de ação. Bem próxima da realidade. Quase uma foto, quase um filme.
ResponderExcluirbeijo
Nina
Oi Jeff
ResponderExcluirAdorei o texto,porém vou te dar uma dica: o fundo preto do blog faz a nossa vista ficar péssima,confunde a leitura.Eu li até o final,adorei o texto,mas já deixei de ler muitos blogs por terem o fundo preto,mas ,apenas uma sugestão.
Você é muito detalhista,prende o leitor,sabe usar a criatividade.Parabéns.
Será um prazer sempre tê-lo em meu blog: http://www.escritoraliliaamorim.blogspot.com
Abraços
Lilia Amorim
Profundo,bonito,envolvente.
ResponderExcluirParabéns!
Muito boa a leitura, cativa nossa atenção e isso é muito importante num texto. Parabéns!! Ana Rosina
ResponderExcluirOi, Jeferson, tudo bem?
ResponderExcluirParabéns pelo blog !!! Adorei a história do Teddy, apesar de tê-la achado triste ! Abraços, Cinthia
amei seus textos! parabéns!
ResponderExcluirabraços
Fabiola
Gostei da tua forma de escrever, me envolvi na história e chegeui a ficar com peninha do Teddy.
ResponderExcluirAbraço;
Dudinha Silveira
Olá Jef! gostei da leitura obrigada pela indicação
ResponderExcluirAbraços professora Débora
Boa noite Jef!Parabéns!!! Li o seu texto e gostei muito da maneira como você discorre a história,pois prende o leitor ao conteúdo; achei também que você é muito criativo e decreve as situações com riqueza de detalhes. Continue firme em usar o talento que você tem. Abs. Jô
ResponderExcluirJeff, prazer enorme ter encontrado seu comment - um blogueiro experiente e bem sucedido dando força à uma iniciante como eu...um pouco da minha poesia:
ResponderExcluirJOGO
by luciana de camargo
JOGA
DA
®
DO
JOG
A
DO ®
bjs...sucesso...lindão seu blog! ainda chego lá...
Olá!
ResponderExcluirBelo texto, instigante estória, mas a vida é assim, repleta de idas e vindas, mesmo sem saber o que esse tal de Tedy, tenha feito, por certo mereceu a mala na porta.
Gostei muito do texto, um abraço e fique com Deus
OLÁ MEU AMIGO JEFCARDOSO, VENHO AQUI MAIS UMA VEZ VISITAR SEU BLOG PARA LHE DAR O ENDEREÇO DE MAIS UM BLOG MEU E DE UM SITE, VISITE.
ResponderExcluirhttp://osquatronaipes.blogspot.com.br/
http://corneliojosewiedemann.com/
Sabe quando você lê algo e reconhece algo comum na história?rs, sim, estes fatos poderiam ter sido parte da vida de minha personagem Suzana...vai ver as duas são até amigas.Não vejo a hora de ler as postagens mais antigas!Valeu pelo convite!
ResponderExcluirOlá moço, que interessante, fui lendo , lendo e me apaixonei pelo Teddy, quando citou Noel Rosa, amo de paixão.E se era envolver que o conto pedia, estou aqui esperando a continuação.Porque continua, não é?
ResponderExcluirBeijão e obrigada pelo carinho.
Oi, Jeferson,
ResponderExcluirRetribuindo a visita, aqui estou para deixar registrado que gostei muito do seu blog. Encantei-me com a leitura sobre Teddy. Deixo aplauso e abraço pelo seu belíssimo trabalho literário.
Parabéns!
bjs´/Madá.
Oi Jeferson,
ResponderExcluirVocê deixou um comentário no meu blog perguntando sobre publicidade.
Então, o método mais simples é adicionar o Google Adsense nos gadgets do próprio blogger, quando somar U$ 100 o google deposita na sua conta.
Outra opção é a venda de banner.
Esse site tem muitas dicas para blogs: http://www.ferramentasblog.com/
Att,
Carla Figueira
OLá Jeferson, adorei seu blog...
ResponderExcluirEste "Onde os fracos não tem vez" é demais...
Curti muito mesmo... Ainda não consegui encontrar essa fraqueza nos homens... rsrsrsr
Parabéns!!
Chegando de mansinho pra elogiar este bloguinho *_*
ResponderExcluirE com toda humildade, te convidar para conhecer meu cantinho
Abraços...
http://www.cutetapemeasure.blogspot.com.br
oI jHEF,
ResponderExcluirADOREI SEUS TEXTOS COMO PROFESSORA DE LINGUA PORTUGUESA, CURTI SEUS TEXTOS COMO INTERNALTA, SENTI PRAZER EM LER SEUS TEXTOS, ISSO COMO LEITORA, ENFIM... DE TODAS AS FORMAS E PRA TODOS OS TIPOS DE PUBLICO O SEU BLOG ATENDE!!!!!!
PARABENS!!!!!!!!!!!!!!!!
Parabéns, admiro a tua forma de escrever, minha filha também é escritora (começou aos 5 anos e continua agora aos 15). Vou recomendar o teu Blog para ela.
ResponderExcluirAbraço e obrigada pela gentileza dos teus comentários.
Olá,Jeferson,passando para agradecer sua visitinha.Adorei seu blog,belo texto parabéns!Bom final de semana!
ResponderExcluirabraços.
Oi Jeferson... Parabéns pelo belo texto, tô adorando passar por aqui ;) Ler os seus textos me faz sentir como parte da história, tamanha a riqueza de detalhes, adoro!!!
ResponderExcluirAbraço
Cris
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http://www.mulheresshop.blogspot.com.br
Adorei seus textos! Sou professora e agora trabalho com educação infantil, se ainda estivesse trabalhando com o fundamental e médio, iria pedir permissão para divulgar essa crônica. Belíssima!!!! Aproveite e curta a poesia que fiz sobre Patativa do Assaré, o maior poeta popular do mundo! Suas obras são estudadas na Universidade de Sorbone e outras da Europa!!!
ResponderExcluirolá...parabens pelo blog.abços
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