As horas passavam lentamente e a tarde findava com o triste saldo das primeiras baixas; do hospital veio à notícia do agravamento da situação geral; não demorou muito para que ocorressem as inevitáveis mortes. Quanta tristeza. Que tragédia!
O calor constante associado à densa fumaça, mais as cinzas resultantes da queimada, tudo somava para o agravo das saúdes mais frágeis, e também, abalava até os organismos mais resistentes.
Primeiro correu a notícia de um senhor. Morador do abrigo para idosos, portador de seqüelas de um antigo derrame, e que sofria também por problemas respiratórios (enfisema pulmonar e outras mazelas), que acabara sucumbindo àquela mudança súbita de ares.
Logo após soube-se de duas crianças que também não resistiram. Uma era recém nascida, prematura e com complicações cardíacas; esta fora seguida por outra criança latente, que segundo a mãe, sofria de bronquite. O clima de terror pairava no ar. As mortes deixaram a cidade em polvorosa.
No hospital superlotado chegavam pessoas a todo instante. Não havia mais soro para injetar, e ainda que houvesse as agulhas não bastariam; tampouco os equipamentos e acessórios seriam suficiente para tantos doentes. O pessoal do hospital, além de ser escasso para tamanha demanda, sofria grandemente com os efeitos do calor e da fumaça.
Naquela altura dos fatos a conduta médica se resumia em distribuir soro caseiro em copinhos descartáveis, que iam sendo reaproveitados pelos enfermos amontoados por toda parte.
Os pacientes se acomodavam por conta própria em macas, cadeiras, sentavam-se pelo chão e os mais debilitados até se deitavam; cada qual se arranjava à sua maneira.
Os médicos lutavam bravamente, contudo, de mãos atadas. Travavam uma batalha angustiante, quase infrutífera, praticamente vã.
Dr. João Jivago convocou uma reunião às pressas; vieram ter com ele o colega Dr. Ernesto Guerra, e a enfermeira chefe Adelaide da Piedade, além do pessoal que auxiliava nas técnicas de enfermagem. Reuniram-se num dos quartos, em meio aos pacientes que ali estavam.
Enquanto a enfermeira, Adelaide da Piedade, enxugava o suor da testa do Dr. João Jivago, este gravemente palestrava: _É melhor mandarmos esta gente de volta para as suas casas; ensinamos-lhes a receita do soro e lá eles se tratam; aqui, conforme está, a tendência das coisas é só complicar; fiquemos apenas com os casos mais graves. Completou o médico.
Os colegas ouviram e prontamente aprovaram a conduta. Dr. Ernesto Guerra pediu a palavra e acrescentou: _Concordo com o colega; uma vez que a higiene já está severamente comprometida, e a capacidade e recursos para lá de esgotados. O colega está coberto de razão; vamos orientá-los e encaminhá-los para as suas casas.
Logo após esta conversa, Dr. Ernesto e a chefe de enfermagem, saíram pelos corredores conclamando aos que fossem capazes, que retornassem para seus lares, e lá se hidratassem.
Porém, parte dos pacientes não aceitou a idéia. Disseram estar, na verdade, sendo enxotados; que o socorro lhes era negado; que procurariam seus direitos, a polícia, o delegado. _Isso é omissão de socorro! Gritou, em meio à baforadas e tosse, um paciente mais exaltado.
A equipe de saúde tentava contornar a situação. Novamente em vão, explicava que o risco de infecção era grande, e com todos aglomerados naquelas terríveis condições, só faria aumentar o risco de contagio por diversas doenças.
Foi quando um homem, ensandecido, invadiu os corredores e quartos, começou a atirar objetos ao chão e empurrar a todo e qualquer um que encontrasse em seu caminho, estivesse em maca, sentado ou de pé. O homem era a fúria em pessoa.
Dizia que perdera a filhinha bebê, e que nada mais lhe restava neste mundo senão vingar-se dos culpados. Disse que mataria o Dr. Ernesto Guerra e a enfermeira Adelaide da Piedade, que não teriam sido capazes de curar a criança.
O homem tinha um sotaque nordestino bem arrastado, seu nome era Edmundo Adeodato; enquanto atirava os objetos berrava diante os olhares atônitos. Puxou uma grande faca da cintura, apontou para o médico e disse: _Mato vocês agora e depois o excomungado fedorento, filho duma égua dos infernos, que está plantado lá na praça!
Todos perceberam que o homem não brincava, e num momento de distração do vingador revoltoso, lhe derrubaram com uma rasteira de rara precisão, aplicada pelo capoeira Ronevaldo. Com muito custo vários braços lhe renderam e lhe desarmaram. Então começou o que seria um massacre, se não fosse a intervenção providencial de Dr. João Jivago: _Meus caros, meus caros! Gritou o médico para a multidão exaltada. E ao conseguir alguma atenção deu início ao seu discurso improvisado: _ Minha gente, minha gente, isso não faz qualquer sentido, é desperdício de energia, a qual já nos falta, e essa atitude selvagem não nos levará a nada, temos que ter muita calma nessa hora, para unidos encontrarmos uma alternativa razoável, que nos leve a solucionar todos estes problemas da melhor maneira e o mais rápido possível! Já estamos com problemas demais para nos voltarmos uns contra os outros. Concordam? Perguntou o médico, que já contava com a atenção de todos.
O calor constante associado à densa fumaça, mais as cinzas resultantes da queimada, tudo somava para o agravo das saúdes mais frágeis, e também, abalava até os organismos mais resistentes.
Primeiro correu a notícia de um senhor. Morador do abrigo para idosos, portador de seqüelas de um antigo derrame, e que sofria também por problemas respiratórios (enfisema pulmonar e outras mazelas), que acabara sucumbindo àquela mudança súbita de ares.
Logo após soube-se de duas crianças que também não resistiram. Uma era recém nascida, prematura e com complicações cardíacas; esta fora seguida por outra criança latente, que segundo a mãe, sofria de bronquite. O clima de terror pairava no ar. As mortes deixaram a cidade em polvorosa.
No hospital superlotado chegavam pessoas a todo instante. Não havia mais soro para injetar, e ainda que houvesse as agulhas não bastariam; tampouco os equipamentos e acessórios seriam suficiente para tantos doentes. O pessoal do hospital, além de ser escasso para tamanha demanda, sofria grandemente com os efeitos do calor e da fumaça.
Naquela altura dos fatos a conduta médica se resumia em distribuir soro caseiro em copinhos descartáveis, que iam sendo reaproveitados pelos enfermos amontoados por toda parte.
Os pacientes se acomodavam por conta própria em macas, cadeiras, sentavam-se pelo chão e os mais debilitados até se deitavam; cada qual se arranjava à sua maneira.
Os médicos lutavam bravamente, contudo, de mãos atadas. Travavam uma batalha angustiante, quase infrutífera, praticamente vã.
Dr. João Jivago convocou uma reunião às pressas; vieram ter com ele o colega Dr. Ernesto Guerra, e a enfermeira chefe Adelaide da Piedade, além do pessoal que auxiliava nas técnicas de enfermagem. Reuniram-se num dos quartos, em meio aos pacientes que ali estavam.
Enquanto a enfermeira, Adelaide da Piedade, enxugava o suor da testa do Dr. João Jivago, este gravemente palestrava: _É melhor mandarmos esta gente de volta para as suas casas; ensinamos-lhes a receita do soro e lá eles se tratam; aqui, conforme está, a tendência das coisas é só complicar; fiquemos apenas com os casos mais graves. Completou o médico.
Os colegas ouviram e prontamente aprovaram a conduta. Dr. Ernesto Guerra pediu a palavra e acrescentou: _Concordo com o colega; uma vez que a higiene já está severamente comprometida, e a capacidade e recursos para lá de esgotados. O colega está coberto de razão; vamos orientá-los e encaminhá-los para as suas casas.
Logo após esta conversa, Dr. Ernesto e a chefe de enfermagem, saíram pelos corredores conclamando aos que fossem capazes, que retornassem para seus lares, e lá se hidratassem.
Porém, parte dos pacientes não aceitou a idéia. Disseram estar, na verdade, sendo enxotados; que o socorro lhes era negado; que procurariam seus direitos, a polícia, o delegado. _Isso é omissão de socorro! Gritou, em meio à baforadas e tosse, um paciente mais exaltado.
A equipe de saúde tentava contornar a situação. Novamente em vão, explicava que o risco de infecção era grande, e com todos aglomerados naquelas terríveis condições, só faria aumentar o risco de contagio por diversas doenças.
Foi quando um homem, ensandecido, invadiu os corredores e quartos, começou a atirar objetos ao chão e empurrar a todo e qualquer um que encontrasse em seu caminho, estivesse em maca, sentado ou de pé. O homem era a fúria em pessoa.
Dizia que perdera a filhinha bebê, e que nada mais lhe restava neste mundo senão vingar-se dos culpados. Disse que mataria o Dr. Ernesto Guerra e a enfermeira Adelaide da Piedade, que não teriam sido capazes de curar a criança.
O homem tinha um sotaque nordestino bem arrastado, seu nome era Edmundo Adeodato; enquanto atirava os objetos berrava diante os olhares atônitos. Puxou uma grande faca da cintura, apontou para o médico e disse: _Mato vocês agora e depois o excomungado fedorento, filho duma égua dos infernos, que está plantado lá na praça!
Todos perceberam que o homem não brincava, e num momento de distração do vingador revoltoso, lhe derrubaram com uma rasteira de rara precisão, aplicada pelo capoeira Ronevaldo. Com muito custo vários braços lhe renderam e lhe desarmaram. Então começou o que seria um massacre, se não fosse a intervenção providencial de Dr. João Jivago: _Meus caros, meus caros! Gritou o médico para a multidão exaltada. E ao conseguir alguma atenção deu início ao seu discurso improvisado: _ Minha gente, minha gente, isso não faz qualquer sentido, é desperdício de energia, a qual já nos falta, e essa atitude selvagem não nos levará a nada, temos que ter muita calma nessa hora, para unidos encontrarmos uma alternativa razoável, que nos leve a solucionar todos estes problemas da melhor maneira e o mais rápido possível! Já estamos com problemas demais para nos voltarmos uns contra os outros. Concordam? Perguntou o médico, que já contava com a atenção de todos.
Cara! Tá ficando cada vez mais interessante! Parabéns!
ResponderExcluirBeça, muito obrigado!
ResponderExcluirOlá tudo bem?
ResponderExcluirBom... como bou começar?
Pensa em um blog péssimo de entrar no administrador... quase sempre não entra... pior ainda pra entrar na página pessoal do blog...
Pois é... é o que ta se tornando o estripulia.
Miiil desculpas por naum responder... eh pq meu blog quase nunca carrega... to perdendo a paciência já.
Pra nos tornar correspondentes acho que seria mais facil trocar emails ou msn... bem mais fácil rs.
Bom... ai vai... meu msn "jociane_estripulia@hotmail.com"
Quem sabe a gte troca experiências de blogs? seria legal
bjOos
:o))
Olá! Como está, Jociane?
ResponderExcluirQue chato isso com o seu blog. Já pensou em mudar de administrador?
Entrarei em contato, mas não desapareça não, e quanto ao concurso, se acontecer eu participo. Ok?