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Cartas a Tás (48 de 60)




Velho amigo Tás, tempos difíceis estes que estou atravessando.
Num momento me senti nas nuvens. Provei o sabor de ser uma micro celebridade instantânea. Durante alguns dias vinha mais de 80 pessoas verem meu blog.
Fiquei feliz, radiante. Pensei que aquilo seria o início de uma grande escalada, que meus textos figurariam em vários lares e que, quem sabe, até uma editora poderia se interessar pelo que escrevo. Mas de uma hora para outra vi o sonho tornar-se, não um pesadelo, mas uma dura realidade. Meus leitores foram retornando para os modestos números do início desta empreitada. Numa semana eram 15 pessoas que me visitavam diariamente, noutra semana eram 6.
Os dias passaram, tive problemas com meu computador, o que me impediu de trabalhar com as postagens; fiquei mais de 10 dias sem internet. Neste período aproveitei para fazer outras coisas; li um pouco mais, dormi um pouco mais, e até andei de bicicleta por um longo trecho da cidade indo de minha casa á casa de um amigo.
Não posso omitir que nestes dias sem internet estive por duas vezes em uma lan house, onde passei rapidamente; postei um capitulo de O Cobrador na primeira vez em que fui, e na segunda vez coloquei um aviso de inoperante. Em consideração aos 6 leitores de cada dia.
Agora estou aqui. Não posso me queixar. Meu computador é novo, está mais rápido, porém tive que me deparar com a dura estatística de apenas um leitor por dia.
Obrigado Tás! Valeu amigo. Sei que não é de postar comentários, mas só de entrar em meu blog todos os dias não me deixando às moscas, isso já é uma atitude samaritana, a qual muito me apetece.
Amigo, estou de volta. Vou rumo à carta de numero 60. E quando atingir esta meta...Ah! Amigo, o céu será o limite!

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