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Cartas a Tás (25 de 60)

Ituverava, 08 de julho de 2009.

Vejo que enaltece alguns comentaristas de seu blog e que lhes tributa a salvação de seu dia. Mas o que dizer de quem se dedica a você em tempo integral? Não vejo um comentário seu nas minhas famosas Cartas a Tás, amigo conterrâneo. Quero ver como será quando eu for mais conhecido que o Jackson e mostrar para mídia o desprezo com que tratou minha figura, meu empenho.
Sei que tenho sido ausente nos últimos dias, e se for para ser sincero, temo lhe magoar. É que enjoei um pouco de falar com você sem receber resposta. Sei que vai dizer que bastou eu conhecer gente importante para diminuir meu apreço pelo conterrâneo, mas não é nada disso. Na verdade não abandonei o meu firme propósito, apenas estou tomando fôlego, uma vez que, é cansativo falar contigo, como é cansativo falar com uma porta fechada.
Quem lhe mandou um abraço foi o Magrão. O cara continua o mesmo galhofeiro de sempre. Perguntou se você criou tipo de gente, perguntou também se agora você toma banho regularmente, e se parou de consumir crecas de nariz. Veja que disparate! Disse que pretende lhe fazer uma visitinha aí em Sampa.
Estou lhe enviando uma foto que tirei junto com o cara. Espero que mate um pouco da saudade, amigo.
(Na foto eu e Magrão lhe mandando um abraço, Tas)

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