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CARTAS A TAS (SMELLS LIKE TEEN SPIRIT)

Ituverava, 24 de Maio de 2009


Tas, dirá que sou o maior dos saudosistas. Mas o que posso fazer se sempre tenho saudades daqueles tempos mágicos e extraordinários? E rememorando, que saudade me assalta agora dos tempos em que, quando garotos, descíamos a correnteza do Rio do Carmo e saltávamos sobre a Cachoeira Salto Belo em bóias de pneu de trator. Lembra-se, amigo?
Você era o mais intrépido. Parecia fazer troça da própria morte. Todos gritavam a uma só voz: “Vais morrer Cocão!!!” E você, feito um demônio, um louco, um herói como os que jamais sentem medo algum diante do perigo iminente, descia a cachoeira como se o risco de morte fosse uma grande piada. Bons tempos aqueles!
Mas tratando agora do presente, por acaso, li o que disse sobre o já saudoso Zé Rodrix. Senti nas suas palavras a legítima comoção que lhe envolveu. Comoveu-me. Sabe que nós, que pouco passamos dos 30, e ainda somos verdadeiras crianças, sabemos o quanto é precoce partir aos 61. Seremos ainda garotos aos 61. Garotos experientes e nada mais. Lamento pelo amigo, Tas.
E tomando outro assunto, algo que muito me preocupa, Tas, preciso lhe dizer uma coisa. Vou me separar de todos meus livros de Franz Kafka e etc. Peço que faça o mesmo. Estas leituras estão lhe deixando com o miolo mole, amigo. Já notou?

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