Naquele dia, quase conheci o meu fim grudado à campainha de minha própria casa. Tudo começou quando dobrei à esquina, correndo, sob forte vento e violenta chuva em diagonal, sob clarões titânicos tétricos que acendiam a rua, que já tinha metade de sua claridade por conta da iluminação pública. Um céu sarcástico bradava tempestuoso contra qualquer ser insolente que teimasse em não esconder-se. No caso, o transeunte teimoso era este cronista que vos fala. Mas antes de chegar à esquina, eu corria para sair da avenida onde corro todos os dias. Por grande coincidência, meu pai, que passava de carro pelo local, me viu e ofereceu carona, ao que recusei com um vigoroso gesto ‘Siga em frente, que estou bem!’ que não deixou dúvida de que eu estava resoluto em seguir enfrentando a fúria da natureza por mais duas quadras e meia até chegar em casa por meus próprios passos encharcados. Ele sabe que sou mesmo assim, decidido. Deve me achar meio falto de um parafuso, mas isso não importa. Este para...