Passava a poupa digital da ponta do indicador sobre a televisão para conferir a cor e a textura da poeira quando ouviu o toque da campainha. Olhou pelo olho mágico da porta que dava para a rua. Viu que era Givanildo, o vizinho do lado direito de quem estivesse de frente para sua casa. Aquilo era incomum, nunca se visitaram. Nunca se freqüentaram os vizinhos. Estranhou a presença de Givanildo à sua porta. Mais estranho era perceber que Givanildo era a imagem e a semelhança da finada Dona Neuza, sua mãe. Abriu a porta. Givanildo sorriu um sorriso que abrigava alguma partícula de sarcasmo mal ocultado, talvez propositalmente. O vizinho estendeu a mão para cumprimentar Thor Nelson: “Olá, Thor! Como vai? E seu pai, tem notícia do velho?” Givanildo era o mais velho dos três filhos da finada Dona Neuza. Formou-se em Administração de Empresas e Contabilidade. Possuía uma imobiliária: “Oi, Givanildo. Não... Não tenho notícias de meu pai...” Disse Thor Nelson. “Sabe por que estou aqui? [...] É q...