Adentrar os labirintos da memória é como entrar numa selva. Você caminha por suas brechas, abre passagem através da densa vegetação, e jamais sabe se retornará com uma flor na mão ou com um corte a sangrar por ter resvalado em uma erva espinhosa. Você pode também encontrar um fruto nativo, algo cujo sabor seja único, ou ser surpreendido pelo bote da serpente, que, até então adormecida, desperta e alveja o seu desguarnecido tornozelo. Ou quem sabe, nas piores e mais drásticas hipóteses, você pode ser devorado por uma onça, ou se perder e jamais retornar. No entanto, pode também com sorte encontrar o caminho de volta são e salvo, e em um feliz e bem sucedido regresso trazer consigo belos relatos que lhe rendam um livro espetacular. Milton Hatoum, nascido em Manaus em 1952, adentrou e retornou de sua selva, que não era selva selvática, diga-se, mas sim uma Manaus de alma libanesa, de dentro de seu passado, do passado que ouviu de seus antepassados, e trouxe consigo o fascinante “Relato de...