O andarilho parou diante à empresa, observou o letreiro ao alto, certificou-se de não haver nenhum segurança e adentrou pela recepção do setor onde ela era recepcionista e foi ter direto diante sua mesa: “Oi! Você tem aí um trocado? Qualquer moedinha serve. Só um trocado pra um pobre coitado. Estou com fome, com sede, o de sempre. Mas vejo que você é bonita. Acho que estou apaixonado por você..., Vidinha. Não é que você é mesmo lindinha..., Vidinha! Eu troco um trocado por um beijinho seu, linda. Vamos embora daqui, Vidinha. Vem comigo pelo mundão sem fim e sem fronteiras”. Por mais repentina e inusitada que fosse a proposta do mendigo apaixonado, Vidinha, que não se chamava Vidinha de fato, é claro, por um momento sentiu-se enternecida e lisonjeada pelo modo cativante com que o andarilho do amor revelou sua paixão repentina e fulminante. Nos dias seguintes, todos os dias, nas vezes em que entrava e saía da empresa, lá estava sentado à porta, todo sujo e roto, o andarilho do amo...