Com o braço rente ao tórax e movimentos curtos, ela grafava com grande dificuldade em um bloquinho de notas as palavras que lhe vinham à mente logo abaixo do título que encabeçava a pequena página. Título escolhido intuitivamente, ao acaso, durante uma divagação ocorrida ali mesmo debaixo da goiabeira que deitava galhos e folhas para dentro da varanda da velha casa abandonada e arruinada na qual o pequeno portão aberto e enferrujado permitia o trânsito livre dos desafortunados vagabundos que buscavam abrigar-se dos olhos do povo ou do braseiro do sol ardente da tarde. ‘EU QUERO UM AMOR’ era o título cabeçalho. E abaixo do título seguiam frases jogadas sem qualquer pontuação de trânsito gramatical, exceto o agigantamento maiúsculo de algumas consoantes iniciais que cumpriam bem a função de falso parágrafo ‘Que fale de amor Que fale de amor com sentimento Que fale de amor Que fale de amor com gravidade Que fale de amor Que fale de amor com comprometimento Que fale de amor Que fa...