‘Não agüento mais este serviço. Preciso arranjar outro. Você não sabe de outro lugar onde estejam precisando de gente pra trabalhar?’ Ela não era bem o tipo que preenchia os padrões dos perfis ao longo do percurso de um emprego. Vivia recentemente empregada, desempregada, e à procura de trabalho. Era o tipo que sempre tem uma sogra para levar à consulta, um filho para levar ao pronto socorro, uma tia para levar à farmácia para tomar uma injeção qualquer, uma mãe agendando uma cirurgia que nunca acontece, ‘diabo de SUS este onde a fila não anda’, ela dizia. Após o primeiro mês, frequentemente faltava ao trabalho e se justificava pelo momento e comportamento da saúde pública no país, a saúde pública calamitosa de seus familiares, os legítimos e bem conhecidos representantes do povo, da nação brasileira. Mas na verdade ela já não estava bem na floricultura. E nada que é pra ser eterno dura para sempre, e então veio a infelicidade no novo emprego. Eram tantas as flores, eram tantos líri...