Sua ausência lhe causava um vazio. Esse vazio era preenchido por saudade e tédio. Muita saudade, e todo o tédio do mundo. Não havia como atravessar àquela rua sem lembrar-se das vezes em que a atravessaram juntos, sorrindo e se resvalando nas mãos, nos antebraços, braços, nos ombros, quadris, coxas, pés, nos troncos, nas faces, nas frontes, nas cabeças, nos cabelos um do outro. Praticamente se embolavam diante do trânsito nervoso, tenso, bem como dos transeuntes apressados de caras amarradas. Naquelas ocasiões, nada importava de fato, senão o amor que os envolvia e os movia na travessia daquela rua, e na travessia de todas as ruas que cruzavam juntos. A química do amor... A química do tédio... A química da saudade... Quem é que nunca provou dessas poções mágicas e transformadoras? Quem? Quem? Ele sentia vontade de escrever. Escrever era a única maneira barata e acessível de espiar aquele tumulto de sentimentos à deriva no marasmo dos sentidos em que vivia seus dias. Mais uma vez pensou...