Ao saber que havia outro trabalhando em seu lugar, Armelau sentiu a fria sombra do fantasma do desemprego pousar sobre sua pessoa. Quando deixou a empresa por síndrome do túnel do carpo bilateral, saiu convicto de que aquela era a decisão mais acertada. E nos primeiros dias até achou confirmar-se o acerto de sua decisão. Contudo, com o passar do tempo, – e o tempo é o senhor absoluto de todas as ações humanas – Armelau viu pouco a pouco enfraquecer-se a convicção em seu propósito. Distante da movimentada rotina de trabalho, Armelau encontrou-se ocioso e solitário. Logo lhe sobreveio uma sensação de vazio, de improdutividade, de tédio... Os dias tornaram-se longos e enfadonhos, monótonos, medonhos. Nas cadeiras de espera para a perícia médica, sentiu-se humilhado – não que lhe impusessem algum vexame naquelas ocasiões. Seu mal estar provinha mesmo era da ação de ir até ali provar a veracidade de sua incapacidade para o trabalho, de sua invalidez temporária, justamente em dia e horário d...