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Mostrando postagens de fevereiro, 2013

O GRANDE CIRCO NONSENSE – VILA ABRANCHES

‘Anda depressa que eu não quero perder o ônibus. [...] Nossa, como você é lerda! [...]’ ‘Pronto. Chegamos. E nem precisava correr tanto. Viu? Besteira andar correndo assim, desse jeito. Não sei por que a senhora faz isso . ’ ‘Você pensa que aqui é igual sua cidade? Aqui é diferente, viu? Aqui, se você não anda depressa e não tem atenção, perde a lotação e ainda é assaltada.’ ‘A senhora exagera.’ ‘Tá. Então sou eu que exagero?’ ‘É.’ ‘Não viu o que aconteceu com sua prima Matilde? Ela quase morreu de tanto susto. E olha que eram só dois moleques.’ ‘[...]’ ‘Moço, já passou o que vai pro Jardim Paulistano?’ ‘Eu acabei de chegar aqui. Não sei não, moça. É melhor você perguntar ali na banca de jornal.’ ‘Ele não sabe, vó.’ ‘Não deve ter passado ainda não. Quer pastel?’ ‘Não. Ainda estou cheia do café que a gente tomou.’ ‘Satisfeita. É satisfeita que se diz, e não cheia. Parece até que você é um saco falando assim!’ ‘Satisfeita então. Satisfeita agora?’ ‘[...]’ ‘Olha lá! É o nos

APENAS ESCREVER E NÃO SER UM CACETE

Embora não alcance bem ao certo qual o motivo, tenho comigo que jamais deixarei de escrever e publicar. Tampouco sei se o que escrevo é qualificado ou vulgar. Confesso que, às vezes, quando leio algo que escrevi, acho meio esquisito o escrito. Tenho um amigo que sempre diz que eu deveria publicar um livro. Eu digo que o farei, um dia. Ele diz que me negligencio e que deveria acreditar mais em minha própria escrita, investir. Então eu digo que tenho já profissão, família, religião, time do coração, esporte, compromissos e que a escrita é algo que faço por prazer, pelo gosto que há em criar algo e compartilhar. A internet me deu isso. Talvez, se não fosse pela internet, eu jamais seguiria escrevendo por anos a fio, ininterruptamente. O fato é que escrevo, embora não alcance bem ao certo o motivo, conforme já dito. Agora, da embromação para uma publicação, não explico. Desconfio, mas não quero explicar. Não quero conjeturar sobre isso. Parece-me assunto pessoal em demasia, uma ma

O GRANDE CIRCO NONSENSE - O TRUQUE DO DESAPARECIMENTO

Tocou o interfone, que na realidade era usado como campainha, e ficou aguardando um instante até que a mulher, diga-se, nunca vista antes, surgisse após o correr da pesada porta de metal e vidro canelado. ‘Pois não?’ Disse ela apenas com parte do corpo à mostra. ‘Olá, bom dia! Eu vim ver o senhor Alio... Sou o mágico dele! Sou o mágico Pipo!’ Disse ele um tanto quanto surpreso ao ver que uma pessoa desconhecida lhe atendia. ‘Ah, sim! Entre, seu mágico! Ele está ali, na frente da televisão.’ A mulher disse e foi caminhando à frente através da longa sala retangular para conduzir o visitante até a cozinha, que também funcionava como sala de televisão e copa. No caminho, ela se apresentou como a nova mulher do dia, e diarista, e massagista, e enfermeira, e cuidadora, e cozinheira... O mágico Pipo seguiu a mulher até o ancião que estava em sua velha poltrona do costume, puída e completamente reclinada diante à televisão. Ao ver Pipo se aproximar, o homem estendeu a mão cordialmente com a