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Mostrando postagens de outubro, 2012

MUY AMIGO SECRETO

Outubro. Vai começar! É tempo de brincar de amigo secreto. Começamos pelos rebentos e terminamos nos decrépitos. De mamando a caducando, os que querem e os que não querem irão participar, ‘não? Você não vai participar do amigo secreto deste ano?!’ ‘Ainda estou pensando. Até quanto será o presente?’ ‘Uma lembrancinha. Eu estou montando a lista de sugestões, quer sugerir algo?’ ‘Estou pensando.’ ‘Vai pensando, mas não demore, fecharei a lista no final da semana.’ ‘Tá.’ Há quem concorde em participar prontamente e ainda se saia com o clássico ‘Este ano já estou participando de três, será o quarto com este [sorriso].’ Na escola, no trabalho, na comunidade religiosa, no grupo de qualquer coisa e no balé das crianças de dez até doze anos. Não. No balé este ano não haverá brincadeira de amigo secreto. É que amiga secreta nem sempre guarda segredo de sua querida amiga desafeto. Os papeizinhos. Sim, os velhos e dobradíssimos papeizinhos do segredo. O selo do enlace, a chave do mistér

GAROTA FROM IPANEMA

Na manhã da última terça, a caminho da casa onde faria minha primeira visita do dia, não me preocupava o resultado das eleições municipais realizadas no último final de semana, mesmo ocorrendo que em minha cidade tudo se resolva em um só turno. O que me preocupava, motivado pela canção que ouvia no rádio, era saber que a garota de Ipanema já ia com sessenta e sete anos pela vida a fora. Egoísmo meu andar perdido assim em pensamentos banais quando o futuro das cidades acaba de ser traçado nas urnas donas de emissões virtuais? Talvez sim. Contudo não é algo tão particular e pessoal o meu pensamento, se considerarmos o fator efemeridade do tempo do qual absolutamente ninguém está livre. Dona Heloisa Eneida Menezes Paes Pinto, vovó Helô, na ocasião em que teria servido de musa à célebre canção hino da Bossa Nova, contava apenas verdes dezessete aninhos de idade e, segundo a própria, era ainda virgem. Uma menina, como diz a própria composição. E o tempo não perdoa mesmo nada nem ning

OS DOZE ZUMBIS & A CADELA BRAMA

A crônica vigente me permite dizer, sem revelar nomes e ou lugares, que todos os que viviam naquele apartamento conviviam mormente com as pulgas. Diziam que as pulgas eram da cadela Brama. A cadela tinha uma vasta pelagem preta e coçava-se quase que o tempo inteiro, e com o desespero dos atormentados, completamente entregue à aflição. Na sala, quando recebiam alguém, um fato raro, a cachorra chegava malemolente com seu rabo flácido pendendo de um lado a outro como um grosso visco preto.  Olhava quem ali adentrava com seu olhar lânguido, súplice, castanho e tristonho de vira latas. Sentava-se ao pé do visitante e, no momento seguinte, começava seu espontâneo espetáculo a morder-se em desespero progressivo e fremente. Sôfrega e infausta, a cadela mordia-se, gemia, chorava e rosnava em extraordinária contorção vertebral. Propositalmente, procurava encostar-se à perna do visitante para ter um ponto de apoio e assim melhor coçar-se. Ninguém comentava, mas era patente que a pessoa