Pular para o conteúdo principal

ONDE OS FRACOS NÃO TÊM VEZ – PARTE II

Eu nunca tive nada a ver com Teddy Lombard. Ele, ou a figura dele, melhor dizendo, nunca me convenceu de nada. E não tenho nenhum parentesco com Teddy, como possa supor. Sequer somos ou fomos grandes amigos em qualquer época. Sou simplesmente o narrador e isso tem que bastar. Acho que estou bem à distância. Cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém.
Sei que era uma figura, um tipo. Era escritor sem editor ou livro, um quarentão sem mulher ou filhos, um cineasta sem filme ou recursos de patrocínio, um artista plástico sem exposição ou obra, um ator sem papel em lugar algum, nem em comercial de sandálias, um cantor, compositor, arranjador sem música, sem banda, sem instrumento, um ex jogador de futebol sem camisa, carreira. Tinha pose para tudo quanto havia neste mundão de Deus, porém feito mesmo que é bom, nenhum.
Desde que tomei conhecimento de sua existência, o que já faz uma pá de anos, ele sempre morou num pequeno apartamento de um decrépito edifício comercial situado na Augusta. Era freqüentador assíduo da padaria da esquina, a do português Marcel, uma que tinha ou tem no cruzamento da Augusta com a Paulista.
Seu apartamento fora escritório de seu pai durante as décadas de 70 e 80. Seu pai, um obscuro advogado sem causas, morreu em circunstancias misteriosas. Fora encontrado dentro da banheira de um hotel em Campinas durante uma convenção de fonoaudiologia. Após a morte do velho, logo morreu também sua mãe. Solitário, vendeu o apartamento em que morava na Zona Sul e se mudou para o antigo escritório do pai. O escritório estava hipotecado, contudo, pelo tempo em que o processo se arrastasse, Teddy não precisaria se preocupar com moradia e ou aluguel.
Aos dezoito anos ficaria marcado para sempre pela leitura de On the Road e obcecado pelas bandas que compunham o chamado Big Four of Thrash.  Tendo por único amigo e confidente Walter Hego, não se relacionava seriamente com ninguém mais. Foi nesta ocasião que ele a conheceu. Aos 40, vivia o ápice de sua adolescência tardia. Foi justamente aí que Teddy começou a encontrar a pista de seu trágico destino. E quer saber? Acho que o cara não merecia o que fizeram com ele não. Aliás, ninguém merece...

Comentários

  1. Injustiça predominará muito ainda nesse mundo hipócrita!
    Muito bom o texto!
    Abraços, tio!

    ResponderExcluir
  2. Felicidades, Jeferson. Lindo texto! Não conhecia o blog, vou ler alguns dos outros posts. E que maravilhosa legião de seguidores do blog! Passo a ser, com prazer, mais novo deles!

    ResponderExcluir
  3. Jeferson, agradeço o comentário feito no meu blog. Adorei o texto e o blog, mas dei uma passada rápida por aqui hoje. Volto a visitá-lo logo mais.

    ResponderExcluir
  4. Adorei sua visita e comentário no www.taylorlautnermanai.com obrigada! Retribuindo a visita! Adorei seus posts. Podemos ser blogueiros amigos! hehe! gostei muito do seu jeito! beijos @ValzinhaBarreto

    ResponderExcluir
  5. oii jeff, muito obrigada pelo carinho, leio todos os comentarios mas a maioria das vezes não tenho tempo para responder. Obrigada pelo carinho. Me segue no blog, ja estou seguindo o seu. Um forte abraço @MilaFeerreira

    ResponderExcluir
  6. Parabéns Jeferson. Adorei seus posts.
    Divulgarei muito aqui, muita gente precisa saber que esse cantinho existe!

    ResponderExcluir
  7. Oi senhor Cardoso,Primeiramente venho aqui em seu blog a lhe agradecer por ter reconhecido e gostado do meu blog, o Romanticismo; Como já pode ter percebido, estou como seguinte de seu blog; além do mais achei muito interessante, o senhor é um ótimo escritor! Parabéns e daqui em diante o tempo favorecera a um começo de uma boa amizade...até a próxima!

    ResponderExcluir
  8. Preciso dizer que gostei?
    NÃO NÉ?
    Sempre adoro.
    Beijos, querido amigo.

    ResponderExcluir
  9. Parabéns, amigo
    E que beleza, és um gd poeta, viu
    E que escritor maravilhoso, com a sensibilidade a flor da pele, e continues assim, nos trazendo textos reflectivos e com a sábia imaginação, sempre voltada ao bem estar de todos, com gds exemplos
    um beijo
    Analu

    ResponderExcluir
  10. SEU BLOG MUITO BEM ROCONHECIDO MEUS PARABÉNS,É ADIMIRAVEL TANTOS SEGUIDORES ASSIM,DIRIA QUE ATÉ UM TANTO DE SE INVEJAR.
    MEUS PARABÉNS JEFH. BOM TRABALHO ^^

    ResponderExcluir
  11. Parabéns garoto... Amei seu texto, muito bem produzido e escrito, deixa a nossa imaginação criar asas, e nos tenta a virar escritor também.

    ResponderExcluir
  12. Puxa!! E eu que nao conhecia eim? rs
    Obrigada por me convidar, seguindo e curtindo o seu blog
    beijo

    ResponderExcluir
  13. Parabéns pelo o seu blog.Muito criativo!

    ResponderExcluir
  14. Adorei teu blog.. mara aqui...
    e obrigado por ter visitado o meu..
    beeijos

    ResponderExcluir
  15. Oi, amigo!

    Gostei muito do texto e da criatividade. Virei mas vezes ler seu blog e já estou seguindo. bjs

    ResponderExcluir
  16. Gratos pela visita em nosso espaço de divulgaçao das açoes de nossa escola.

    Teu texto, irônico e despretencioso, remete a uma reflexao interessante sobre nossa história e nossos destinos.
    Que futuro nos espera?
    Igual do do Teddy?

    Forte abraço

    pedagogo Alex
    Colégio Zardo - Curitiba - PR

    ResponderExcluir
  17. Oi Jeferson,
    Devo descrever seu texto quase como um novo Bras Cubas... Continue escrevendo Pseudo Machado de Assis, o texto é verdadeiramente bom e não deve parar por ai...

    ResponderExcluir
  18. olá Jeferson cardoso , belo artigo ,obg por comentar minhas reportagens
    ja adicionei o seu blog nos meus favoritos
    abçs!
    repórter Juliana Gomes

    ResponderExcluir
  19. Muito Bom!!! parabéns! já sou sua seguidora!

    ResponderExcluir
  20. Retribuindo sua visita e seguindo o seu blog, li algumas postagens e gostei muito mesmo!
    Me visite mais vezes!
    desenhoeterapipa.blogspot.com

    ResponderExcluir
  21. Olá, retribuindo a sua visita, deixando o meu abraço!!

    ResponderExcluir
  22. Pobre Teddy!!! rsrss.... Ainda bem que o texto é muito bem escrito, parabéns!!! Porque senão eu estaria chorando e lamentando o triste fim dele e ao invés de colocar foco nesse ótimo escritor que vc é...
    Abração,

    Lena Rodriguez
    www.cuidebemdevoce.com

    ResponderExcluir
  23. E aqui fica registrado meus outros blogs se ainda não conhece e com sua permissão:

    http://terapiafloralon-line.blogspot.com.br/
    http://desenvolvendoaconsciencia.blogspot.com.br/
    http://publicutility.blogspot.com.br/

    Abraços Jerferson,

    ResponderExcluir
  24. Oi Jeferson parabéns pelo seu blog, voce escreve muito bem, belos textos. Abraço

    ResponderExcluir
  25. Ola Jeferson,

    Estou retribuindo sua visita em meu blog e adorei seu artigo.
    Parabens.

    Não deixe de me visitar mais vezes.
    http://psp-amorepaixao.blogspot.com

    ResponderExcluir
  26. Teddy Lombardy pelo visto tem história.........volto com tempo para acompanhar suas desaventuras.

    ResponderExcluir
  27. Olá! Sua linguagem é bem legal de ler. Com algumas voltas que me lembram escritores da minha época de faculdade!
    Coitado de Teddy! Adorei o post de verdade!
    Te seguindo aqui!
    Beijos!

    ResponderExcluir
  28. Chocante Teddy Lombardy talvez não tenha tido lá muita sorte
    né !!! mas você tem escreve muito bem ....

    ResponderExcluir
  29. Jeferson obrigado gostei muito saber que você visitou meu blog primeiro homem que da o ar da graça e me presenteia com um bom comentário também curti pra caramba seu blog tenha um otimo dia bjuxx

    ResponderExcluir
  30. parabéns pelo texto muito bom mesmo.
    e obrigada por comentar no meu blog
    valeu!

    ResponderExcluir
  31. Olá, retribuindo a sua visita,o texto é muito bem escrito, parabéns

    ResponderExcluir
  32. Jefh gosto de ler seus contos. Alguns nos 'dão' um cenário pronto, com 'marcação' de personagens, outros nos fazem divagar e pensar...

    Eu acho que Teddy se deixou transformar em um brinquedo... Ficou ultrapassado e foi jogado fora.

    Abração
    Jan

    ResponderExcluir
  33. ..."Era escritor sem editor ou livro, um quarentão sem mulher ou filhos, um cineasta sem filme ou recursos de patrocínio, um artista plástico sem exposição ou obra, um ator sem papel em lugar algum, nem em comercial de sandálias, um cantor, compositor, arranjador sem música, sem banda, sem instrumento, um ex jogador de futebol sem camisa, carreira. Tinha pose para tudo quanto havia neste mundão de Deus, porém feito mesmo que é bom, nenhum".


    Começo a achar interessante, este Teddy Lombard, penso que "personas" indefinidas as vzs são mais interessantes, do que as previsíveis, que já nascem com seus destinos escolhidos pelos outros ou copiados de modelos ultra- passados.

    Adorei a leitura

    ResponderExcluir
  34. Nada é o que parece. E o que é de fato sempre nos surpreende.
    Gostei do seu blog estou lhe seguindo. Siga-me tb.
    ^_^

    ResponderExcluir
  35. Já que solicitaste, cá estou! Normalmente não leio textos de blog, mas o seu me cativou. Muito bem escrito e com vontade de quero mais. Já estou acompanhando! Parabéns!

    ResponderExcluir
  36. Qual foi a injustiça que se abateu sobre Teddy? Pronto, você conseguiu fazer com que nos preocupássemos com a sorte do pobre (?) homem... Excelente texto, parabéns!
    Bjs

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Comente. É isso que o autor espera de você, leitor.

Postagens mais visitadas deste blog

Cartas a Tás (20 de 60)

Ituverava, 30 de junho de 2009 Aqui estamos, Tás. Eu e essa simpatia que é Lucília Junqueira de Almeida Prado, autora de mais de 65 livros publicados, capaz de recitar poemas de sua autoria compostos com cantigas de roça, bem como poemas de Cora Coralina, feito uma menina sobre o palco. Estive novamente na feira do livro, engoli meu orgulho de vez e abracei a causa. Fui lá não para vingar-me, com críticas sobre o fabuloso evento, nutridas por minha derrota no prêmio Cora Coralina, mas sim, para divulgar a campanha Cartas a Tás, que agora ganhou um slogan; “Restitua a cidadania do menino encardido que ficou famoso e apátrida”. Tás, você é de Ituverava e Ituverava é sua, irmão. Espero que aprove, meu mestre, pois para servir nesta batalha tive que ser um bom perdedor. E não é bom perder, isso aprendemos nos primeiros anos de existência, acho até que já nascemos com este instinto, pois quando uma criança toma por força algum objeto que por ventura esteja em nossa posse, qual menino não se

O Verbo Blogar

O Blog, á nossa maneira, á maneira do blogueiro amador, blogueiro por amor, não dá dinheiro; mas dá prazer. Isso sim. Quando bem trabalhado dá muito prazer. Quando elaboramos uma postagem nos percorre os sentidos uma onda de alegria. Somos tomados por uma euforia pueril. Tornamo-nos escritores ou escritoras que “parem” seus filhos; tornamo-nos editores; ou produtores; ou mesmo jornalistas, ainda que não o sejamos; tornamo-nos poetas e poetisas; contistas e cronistas; romancistas; críticos até. Queremos compartilhar o quanto antes aquilo que criamos. Criar é uma parte deliciosa do “blogar”; e blogar é a expressão máxima da democratização literária – e os profissionais que não façam caretas, pois, se somarmos todos os leitores de blog que há por aí divididos fraternalmente entre os milhões de blogs espalhados pelo grande mundo virtual, teremos mais leitores que Dan Brown e muitos clássicos adormecidos sob muitos quilos de poeira. Postar é tudo de bom! Quando recebemos comentários o praze

O Cavaleiro Da Triste Figura

Há algum tempo que conheci um descendente do Cavaleiro da Triste Figura. Certamente que era da família dos Quesada ou Quijada; sem dúvida que o era; se rijo de compleição, naquele momento, como fora seu ancestral, eu duvido; porém, certo que era seco de carnes, enxuto de rosto e triste; e como era triste a figura daquele cavaleiro que conhecí! Parecia imensamente distante dos dias de andanças, de aventuras e de bravuras; se é que algum dia honrou a tradição do legado do tio da Mancha. Assemelhava-se a perfeita imagem que se possa configurar do fim. O homem contava mais de 80 anos por aquela ocasião. Era um tipo longilíneo, de braços, pernas e tórax compridos, tal qual me pareceu e ficou gravada das gravuras a figura do Cavaleiro da Triste Figura. Seu rosto longo, de tão retas e verticais as linhas, parecia ter sido esculpido em madeira, entalhado. Um nariz longo descendo do meio de uns olhos pequenos postos sob umas sobrancelhas caídas e ralas, dando aí o ar de grande tristeza que me c