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Mostrando postagens de fevereiro, 2012

RODOVIA CÂNDIDO PORTINARI

Um soldado na pista sinaliza para que os carros usem somente a faixa da direita e reduzam a velocidade. “Vai de vagarinho. De vagarinho. Por aqui!”: diz o soldado. Os condutores obedecem, os carros se alinham. O sol do meio dia é forte. São muitos os veículos que trafegam naquele momento no trecho de pista urbanizada de lado a lado. A periferia encontra os cantos e se instala. Casas populares abrigam famílias, rendem votos, ocupam o perímetro urbano até à beira da pista. Sigo pela rodovia. A ambulância pisca suas luzes rotatórias logo à diante. Viaturas da polícia ocupam o acostamento. O povo lota a passarela à frente e os arredores da cena. Povo de todas as cores, tamanhos e formas. Povo de vestido longo e cabelo amarrado, é crente. Povo jovem e forte, sem camisa e com o peito à mostra, é mano. Povo que para a bicicleta e encosta a magrela no quadril enquanto olha, é curioso. Povo que cruza os braços enquanto observa, é maioria. Os carros seguem cada vez mais lentos e enfileir

AGATHA CHRISTIE

O apartamento é o mesmo de outras vezes. É a quarta vez que empreendemos essa longa viagem. Um inverno e três verões. Uma família ocupa o local antes de chegarmos. São cinco pessoas. Uma mãe e dois casais de filhos com longa distância de idade entre cada casal. Encontro na sala, sobre o raque, o exemplar ASSASSINATO NO CAMPO DE GOLFE. Alguém está lendo Agatha Christie. Dizem que quem lê Agatha é viciado na romancista policial britânica que só perde para a Bíblia e Shakespeare em número de traduções pelo mundo. Eu não leio. Sei que ela é venerada por tantos, mas ainda não tive um momento a sós com a Duquesa da Morte. Fico curioso, mas já escolhi minha leitura para essa viagem. Três livros trago em minha bagagem, os quais eu penso ainda não ser tempo de revelar. Poirot investiga os casos de Agatha, a família dorme para partir no dia seguinte, e eu também preciso dormir pelo menos oito horas bem dormidas.

PORTAL DE NAVEGANTES [07.01.2012]

Minutos antes dos pastéis, passávamos diante do parque Beto Carreiro World [temos ótimas recordações dali]. É assim que entramos em Navegantes, entramos por Penha. É uma maneira deliciosa de se chegar a Navegantes. Chegando, fizemos uma oração agradecendo pela boa viagem que tivemos. [sim; oramos ao partir e ao chegar; e quando temos algum súbito imprevisto, algo como uma fechada de um caminhão, não sou de xingar; chamo por Deus; é um hábito adquirido ainda nos primórdios da infância católica avizinhada pela igreja matriz; conheço todos os palavrões correntes, porém não os uso; quase nunca]. E ao atravessar o portal de Navegantes, à nossa esquerda, vemos o mar colossal que arrebenta suas franjas nas pedras. Pareceu-me furioso naquele instante. [01:51] Tiramos as malas do carro e subimos com elas em duas vezes até o apartamento. Entre uma carga e outra de bagagens, fomos até o mar que fica a cinquenta metros de nossa hospedagem. Foi então que ELA disse ter pensado que pela pr

A CHEGADA [07.01.2012]

[15:00] [17:16] [19:33] [21:18]... Receio não ter muito a dizer neste momento da viagem. As horas de estrada vão se prolongando. A paisagem muda a cada tanto de quilômetros. Da Anhanguera à Rodovia Bandeirantes, da Bandeirantes ao Rodoanel Governador Mário Covas, do Rodoanel à Régis Bittencourt (BR-116), da Régis à BR-376, da BR-376 à BR-101. Exaustos, sob forte chuva e com mais uma parada quase chegando, só vimos a cidade de Navegantes SC, nosso destino, nos primeiros minutos do 07.01.2012 [00:26]. Aos vencedores, os pastéis. Tivemos a sorte de encontrar uma aconchegante pastelaria aberta. Não tivemos dúvida, foi ali nosso primeiro descanso em Navegantes. Comemos pastéis quatro queijos fritos na hora e partimos para descer as bagagens. Ela achou que eu não fosse ver o mar naquele momento da chegada, mas antes tomar um banho quente e dormir até o dia seguinte. Eu disse que ainda não esfriei a tal ponto. O mar continua me fascinando. Diante do mar, eu me encontro bem mesmo após quinz

ON THE ROAD [06.01.2012]

[13:32] Estamos na Rodovia dos Bandeirantes, km 72. Faz sol pra caramba. O Princesão ficaria horrorizado se visse o calor que estamos passando. Quatro horas e vinte minutos de viagem, e é nossa primeira parada. Paramos em um lugar um tanto curioso. Uma placa diz que é o único shopping aéreo da América Latina [e eu acho interessante essas coisas de “O maior da América Latina”, “O maior da América do Sul”, “O maior do mundo”. Neste exato momento, por exemplo, eu sou o único cara da América Latina que está escrevendo este texto; e isso eu digo pra conferir grandiosidade à coisa]. O local em questão é um conjunto comercial cujo alicerce é um viaduto que passa por sobre a Rodovia dos Bandeirantes, ficando assim, de certa forma, suspenso sobre a rodovia. Curioso mesmo é urinar em um banheiro aéreo. Você, enquanto urina, avista os carros que passam por debaixo do viaduto e vê com bastante nitidez seus ocupantes. Se você já passou ali embaixo, certamente foi observado por um viajante que ur

ITUVERAVA - GUARÁ [06.01.2012]

[07:28] É hora de escolher um ou dois livros para levar na viagem (na verdade já tenho alguns fortes candidatos). Experimentei um prazer que somente quem está montando uma pequena biblioteca há mais de cinco anos pode entender. Ainda não contei quantos títulos possuo, mas são muitos. Ganhei muitos livros e, além disso, deixei de comprar bastante roupa e calçado para ter vários dos títulos que possuo. Viajamos em quatro pessoas. Somos dois adultos e duas crianças. Dispomos de um carro popular. Temos que estudar bem o preparo da bagagem e a acomodação da mesma para não perdermos nosso delicado conforto. Penso, calculo, penso mais um pouco, calculo mais um tanto. Não é muito o espaço de que dispomos. Tudo tem que caber no porta malas. Na frente, irá apenas o que comeremos e beberemos durante o longo percurso. Acabo de lembrar de um amigo meu. Tremenda figura o Princesão! O cara não entende como conseguimos viajar por mais de mil quilômetros à luz do dia sem termos um ar condiciona