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Mostrando postagens de agosto, 2009

Cartas a Tás (41 de 60)

Ituverava, 30 de agosto de 2009 Você meu amigo Tás, é motivo de orgulho para todos nós da terrinha muito antes de saltar para as primeiras fileiras da mídia com um programa popular de grande audiência e prestígio entre os humorísticos. Por que estou dizendo isto? Oras! Por que é natural sentir saudade de um irmão, um filho da mãe... morena de pele avermelhada, Ituverava; Ou não é natural? Sabemos que você atualmente é palestrante pelo país inteiro, que até na FLIP houve espaço para você e suas idéias meio malucas, futurísticas, de NERD veterano. Estamos a par de que seu blog é dos mais premiados da intenet do país inteiro e não nos foge que, não obstante, o Marcelin de Pés sujos, de manchas de encardido do pescoço (as quais dona “G” esfregava com bucha de cerdas rígidas, em vão) é até tese de mestrado e de doutorado em universidades. Mas aqui você continua sendo assunto nas rodas da praça 10 de março, nas esquinas do Largo do Rosário, nas mesas e nos balcões dos botecos das vilas. Aind

Cartas a Tás (40 de 60)

Ituverava, 27 de agosto de 2009 Sou da galhofa, do bom humor, da “brincadeira sadia” , como dizem nossos conterrâneos, sou da alegria que suplanta as tristezas sorrateiras que por ventura me assaltem no caminho. Não que eu seja um bobo alegre; do caminho conheço bem as pedras, contudo conheço também algumas vias que o tornam mais suave e apreciável. Nestas vias é que gosto de fincar meus pés durante os dias da caminhada, porém há dias em que o trecho duro é inevitável; para estes dias trago na memória uma boa porção de momentos que remediam a alma; uma forma de autotranscendência como explica Viktor E. Frankl. Em seu livro, “sede de sentido”, ele afirma ser possível superar as dores do presente com o pensamento nas boas lembranças do passado; creio que, de certa forma, é isso que faço quando é preciso e possível; me transporto para os momentos felizes e supero com bom animo e fé em Deus as adversidades. Tenho imenso prazer em andar nas ruas de nossa cidade cumprimentando e sendo cumpri

Cartas a Tás (39 de 60); Carta Flutuante

Ituverava, 25 de agosto de 2009 Tás, old boy, veja como as coisas desta vida são engraçadas: Um dia, comovido ao vê-lo praticamente apátrida de seu terrão natal, decidi resgatar sua alma cabocla; você parecia esquecido que fora esta índia de pele vermelha quem lhe pariu na verdade; sim, Ituverava, a índia de pele vermelha que irradia calor sobre seus nativos. Escolhi então um meio de comunicação eficiente para tal intento; a internet. Pensei em cartas, inspirei-me nas cartas que Van Gogh escreveu ao seu irmão Théo, mas pensei também, que, se Vincent tivesse internet, banda larga, em sua casa, certamente a teria usado ao invés dos serviços de correio. Comecei como todo aquele que inicia um projeto de futuro duvidoso, com muita timidez, com muito cuidado, porém jamais descuidei do zelo e da determinação. Propus-me a escrever 60 cartas, não mais de 600 como fez o Vincent, mas apenas 60. Afinal, após 600 cartas, o Vincent não agüentou mais aquele blá blá blá em que se tornara sua vida. E e

Cartas a Tás (38 de 60)

Ituverava, 23 de agosto de 2009. Ainda muito menino notava-se que aquele garoto era mesmo alguém, digamos, diferente: o que veio a se confirmar anos mais tarde. O garoto que andou somente aos sete anos de idade, falou aos nove e aos doze ia para a escola trajando fraldas por debaixo da bermudinha, era na verdade um astro de rara aparição, como um Cometa Halley que surgia, ou um acontecimento incomum no dia, como um eclipse solar total. Sua humilde família, gente trabalhadora, em sua maioria rurícola, de mãos calejadas no cabo da enxada ou do facão, logo percebeu que seria impossível comportar os arrojos criativos do menino, seus ímpetos de gênio, seus sonhos de grandeza, sua fome por mundo. Seu avô, o quilombola Budaquidê Zumbi do Carmo, dizia as margens do rio que corta nossa bela morena jambo, Ituverava: Um quasar é este menino, um quasar! Mal sabia ele que seu netinho seria bem mais que uma quase estrela, seria sim a maior estrela multimídia deste país de proporções continentais. Qu

Cartas a Tás (37 de 60)

Ituverava, 16 de agosto de 2009 Caro Tás, aqui estamos, amigo, mais uma vez a nos comunicar da maneira mais nostálgica que há para se convidar alguém a prosa. Você aí na capital não faz idéia de como são carregadas de recordações as ruas nas quais corríamos descalços sob pena de queimar a sola dos pés no asfalto quente. Ainda hoje percorri um pedaço o qual me fez lembrar-te vivamente quando garoto. Falo da rua e da casinha onde foi um infante peralta a engendrar suas diabruras espirituosas. Quão espirituoso era o pequeno Tás! Na infância longínqua eu tinha por hábito confeccionar pipas para as competições de agosto e setembro, quando os ventos são vigorosos por estas bandas. Eu não dispensava um cerol na linha, o que sei ser errado, mas o fazia a fim de cortar a linha de algum engraçadinho que ambicionasse por fim a nossa algazarra aérea. No entanto nem sempre meu cerol era capaz de manter o objeto colorido atado à linha que vinha na latinha em minha mão. Neste momento Tás entrava em a

Cartas a Tás (36 de 60); Thunderstruk

Ituverava, 09 de agosto de 2009, dia dos pais. Devo interromper a seqüência do conto “O Contador” para recordar a memorável noite do dia dos pais na Praça 10 de Março, em agosto de 1980. A praça 10 estava repleta de famílias que perambulavam em seus melhores trajes. Naquele domingo a prefeitura havia montado uma estrutura para apresentações musicais no coreto da praça. Duplas sertanejas aqueciam suas cordas vocais com notas agudas e graves. Os violeiros dedilhavam seus instrumentos e afinavam caprichosamente as cordas. Corais de vozes também se preparavam para a cantoria. Meninos de cabelos lavados, úmidos e bem penteados para o lado, lambiam seus sorvetes, abocanhavam seus chumaços de algodão doce. As meninas, com fitas nos cabelos, exibiam seus belos vestidos rodados. Senhores e senhoras, apesar de toda simplicidade, vestiam-se da melhor maneira que lhes era possível. Todos trajavam as suas “roupas de ver Deus” como diziam; o que nunca discerni se era uma referência ao traje com que